A POLÍTICA E OS PUXA-SACOS: ALGUMAS PISTAS PARA IDENTIFICÁ-LOS.

Da redação
Uma rápida análise nos dicionários revela que a palavra
puxa-saco é um adjetivo ou substantivo usado com sentido pejorativo,
significando pessoa que adula, bajula, baba ovo. Puxa saco é uma palavra que
vem do latin bajulare, que significa adular servilmente.

Não é difícil encontrar quem é, foi ou conhece alguém que
pratica a bajulação. Um puxa-saco é conhecido por rasgar seda, ou seja, elogiar
alguém excessivamente com o objetivo de conseguir alguma coisa para o seu
próprio benefício.

Há bajuladores que desejam apenas o reconhecimento da pessoa
bajulada. Um exemplo disso é encontrado em algumas pessoas que, hábeis no uso
da linguagem, desejam apenas o elogio dos seus “senhores”.  Estes, às vezes, elogiam a fidelidade e
submissão dos seus “servos” que são autores de posts  publicados em blogs que recebem recursos
financeiros provenientes dos cofres públicos e/ou dos políticos profissionais.

Em muitas cidades brasileiras tem crescido o número de blogs
que são criados com o objetivo precípuo de fazer propaganda e publicidade de
políticos profissionais, de grupos políticos, de governos e/ou de empresas
privadas. Muitos editores e proprietários de blogs, no desejo de receber
dinheiro e outros benefícios, divulgam informações em prol de políticos
profissionais que pagam por mensagens, fotos, banners e vídeos que são
postados,  quer sejam pelos editores dos
blogs, quer sejam pelos puxa-sacos que, subservientes,  elaboram 
posts defendendo um governo, um grupo político e/ou um político
profissional qualquer.  

Os bajuladores “letrados” podem possuir um espaço reservado
nesse tipo de blog, com direito a uma foto de cada um dos puxa-sacos, com ou
sem photoshop. Têm os “egos massageados” quando são chamados de colunistas, comentaristas,
cronistas ou escritores. Não é de se estranhar que alguns desses “letrados”
tomam gosto pela política e adoram ser fotografados ao lado dos políticos
(presidentes, governadores, senadores, prefeitos, deputados e vereadores).  A submissão de alguns deles é tamanha, que
almejam assumir uma função no poder legislativo (vereador ou deputado) ou
galgar uma boquinha no executivo. Assim, acreditam que, caso sejam eleitos ou
nomeados para um cargo comissionado no poder executivo, receberão dos seus “senhores”
um forte aperto de mão ou um abraço, em vez de receber apenas um “tapinha no
ombro”. Desejam, portanto, alcançar um melhor posicionamento na arena política,
pois acreditam que podem ser úteis aos interesses dos seus “senhores”.

A gestão pública brasileira está infestada de puxa-sacos. Até
a primeira metade da década de 90, os cidadãos comuns não identificavam com
facilidade os puxa-sacos a serviço de um determinado governo. Com a implantação
e expansão da internet, foi possível identificá-los mais facilmente, uma vez
que passaram a utilizar da internet para bajular os políticos profissionais.

Na virada do século XX e início do século XXI, as redes
sociais e blogs conquistam milhões de brasileiros. Começa, portanto, a
trajetória dos bajuladores que passam a utilizar a internet para defender
publicamente os seus “senhores”. 
Para  identificá-los basta
empreender uma breve análise das mensagens que esses bajuladores postam no
twitter, no facebook, no whatsApp ou em um desses blogs que são criados para
fazer propaganda e divulgar informes de políticos profissionais. 

Antes ocultos, agora expostos na internet, os puxa-sacos
ficam a serviço dos políticos profissionais. Alguns deles fazem parte da “mídia
pelega”, a exemplo dos donos de blogs, jornais, portais de notícias

que produzem matérias com um viés puramente tendencioso.
Alguns bajuladores utilizam dos espaços gratuitos disponibilizados pela “mídia
pelega”. Basta um cidadão comum postar uma crítica qualquer a um
determinado governo ou político(s) profissional(is), que logo surgem eles, os
puxa-sacos, enviando posts, contrapondo-se à crítica.

No caso dos blogs, geralmente, os bajuladores que fazem bom
uso da língua portuguesa publicam alguns posts em forma crônicas e fábulas.
Muito deles em vez de “puxar os sacos” dos políticos deveriam utilizar para
fins nobres as competências adquiridas nos bancos escolares ou na labuta do dia
a dia.

Segundo Willian Shakespeare (1564-1616), os políticos que
gostam de ser adulados são dignos dos aduladores. Epicteto (55-135), filósofo
grego estóico, afirmou que “um adulador parece-se com um amigo, como um
lobo se parece com um cão. Cuida, pois, em não admitir inadvertidamente, na tua
casa, lobos famintos em vez de cães de guarda”.

Nem todo governo é corrupto. Nem todo político é corrupto.
Nem todo blog é vendido. Nem todos os posts que defendem os governos e os
políticos profissionais são criados por puxa-sacos.

Os governos e os políticos éticos não precisam dos serviços
sujos dos puxa-sacos. Os blogs éticos precisam ser suficientemente isentos da
influência governamental e dos políticos profissionais para que possam informar
com neutralidade adequada aquilo que se refere à ação política nos seus
diversos níveis.

A ética é um eficiente antídoto contra as “mordidas” dos
puxa-sacos.  Sem ética não há
credibilidade, os bajuladores caem no descrédito e passam a ser motivo de
chacota.

“Todo aquele que expressa admiração frequente por tudo que
vê, ou é um ignorante naquilo que admira ou um adulador de quem fez a obra”.

Francis Iacona
Prefiro os que me criticam aos que me bajulam. Os que me
criticam me corrigem, os que me bajulam me corrompem.
Santo Agostinho
Artigo: A POLÍTICA E OS PUXA-SACOS: ALGUMAS PISTAS PARA
IDENTIFICÁ-LOS.

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